sábado, 29 de maio de 2010


Segue o teu destino

Segue o teu destino,
Rega as tuas plantas,
Ama as tuas rosas.
O resto é a sombra
De árvores alheias.

A realidade
Sempre é mais ou menos
Do que nós queremos.
Só nós somos sempre
Iguais a nós-próprios.

Suave é viver só.
Grande e nobre é sempre
Viver simplesmente.
Deixa a dor nas aras
Como ex-voto aos deuses.

Vê de longe a vida.
Nunca a interrogues.
Ela nada pode
Dizer-te. A resposta
Está além dos deuses.

Mas serenamente
Imita o Olimpo
No teu coração.
Os deuses são deuses
Porque não se pensam.

Ricardo Reis

1 ANO DE VIDA !!

Faz hoje um ano que o blog nasceu !
Muitas coisas se viveram durante este ultimo ano.
Espero,continuar por muitos mais anos e espero também que quem visita o blog, goste e sinta que é possível aprender algo neste pequeno espaço.
A todos vós o meu muito obrigado por o frequentarem !!

Fica a partilha de uma das musicas que mais gosto!!

quarta-feira, 26 de maio de 2010

segunda-feira, 24 de maio de 2010

terça-feira, 18 de maio de 2010

Broken Social Scene


We got a minefield of crippled affection
All for the borrowed mirror connection
That's why I'm leaving this spoken protection
I'm a romance addict so that I can confess that

I get world sick every time I take a step
I get world sick, my love is for my land

We got a lady who's wanting to dance
Men with the maybe looking for endings

And I get world sick every time I take a step
Yeah, I get world sick, my love is for my land

I'm sick of the self-love, losing the "bless me"
The exit the roof of the rule of what we'll be
And all the destroyers who never wore dresses
They live for the older, well I'll confess this

I get world sick every time I take a step
Yeah, I get world sick, my love is for my land
I get world sick every time I take a step
Yeah, I get world sick, my love is for my land

quarta-feira, 12 de maio de 2010

Poesia moderna !



O fogo, a cidade


às vezes
sobre as palavras pesa um dia luminoso, a clara
imprecisão do gesto
o corpo inclina-se para a água
do poema

a roupa estas mãos o torpor da casa
quando o silêncio a morna demorosa voz
se desfazem no ritmo entontecido
do mundo

caminho descalço sobre a página
olho uma outra vez
voltando-me para trás
o fogo, a cidade

Miguel-Manso, Quando escreve descalça-se

segunda-feira, 10 de maio de 2010

Como esquecer a promessa desfeita, a mentira, a injúria, a traição, como não lembrar a construção de um amor intenso e partilhado, feito de inquietações e promessas renovadas?
Daniel Sampaio

quinta-feira, 6 de maio de 2010

Temper Trap !!


our love was lost
but now we've found it
our love was lost
and hope was gone

our love was lost
but now we've found it
and if you flash your heart
I won't deny it
I promise

I promise

your walls are up
too cold to touch it
your walls are up
too high to climb

I know it's hard
but I can still hear it beating
so if you flash your heart
I won't mistreat it
I promise

I promise

our love was lost
in the rubble are all the things
that you've, you've been dreaming of
keep me in mind
when you're ready
I am here
to take you every time

oh our love was lost
lost, lost, lost, lost....
our love was lost
but now its found

terça-feira, 4 de maio de 2010

Great concert !

Ontem fui à queima do Porto assistir a um dos melhores concerto do ano, de uns dos grandes nomes da Brit Music os Escoceses FRANZ FERDINAND.
São, sem duvida uma das melhores bandas ao vivo do mundo.
Contagiante o ambiente que transmitem ao publico.
BRUTAL !!
Deixo aqui um vídeo gravado por mim :)!!


segunda-feira, 3 de maio de 2010

Poesia Lusitana


Aqui fica um poema de um dos grande nomes da literatura portuguesa, o vilacondense José Régio.

Poema do Silêncio

Sim, foi por mim que gritei.
Declamei,
Atirei frases em volta.
Cego de angústia e de revolta.

Foi em meu nome que fiz,
A carvão, a sangue, a giz,
Sátiras e epigramas nas paredes
Que não vi serem necessárias e vós vedes.

Foi quando compreendi
Que nada me dariam do infinito que pedi,
- Que ergui mais alto o meu grito
E pedi mais infinito!

Eu, o meu eu rico de baixas e grandezas,
Eis a razão das épi trági-cómicas empresas
Que, sem rumo,
Levantei com sarcasmo, sonho, fumo...

O que buscava
Era, como qualquer, ter o que desejava.
Febres de Mais. ânsias de Altura e Abismo,
Tinham raízes banalíssimas de egoísmo.

Que só por me ser vedado
Sair deste meu ser formal e condenado,
Erigi contra os céus o meu imenso Engano
De tentar o ultra-humano, eu que sou tão humano!

Senhor meu Deus em que não creio!
Nu a teus pés, abro o meu seio
Procurei fugir de mim,
Mas sei que sou meu exclusivo fim.

Sofro, assim, pelo que sou,
Sofro por este chão que aos pés se me pegou,
Sofro por não poder fugir.
Sofro por ter prazer em me acusar e me exibir!

Senhor meu Deus em que não creio, porque és minha criação!
(Deus, para mim, sou eu chegado à perfeição...)
Senhor dá-me o poder de estar calado,
Quieto, maniatado, iluminado.

Se os gestos e as palavras que sonhei,
Nunca os usei nem usarei,
Se nada do que levo a efeito vale,
Que eu me não mova! que eu não fale!

Ah! também sei que, trabalhando só por mim,
Era por um de nós. E assim,
Neste meu vão assalto a nem sei que felicidade,
Lutava um homem pela humanidade.

Mas o meu sonho megalómano é maior
Do que a própria imensa dor
De compreender como é egoísta
A minha máxima conquista...

Senhor! que nunca mais meus versos ávidos e impuros
Me rasguem! e meus lábios cerrarão como dois muros,
E o meu Silêncio, como incenso, atingir-te-á,
E sobre mim de novo descerá...

Sim, descerá da tua mão compadecida,
Meu Deus em que não creio! e porá fim à minha vida.
E uma terra sem flor e uma pedra sem nome
Saciarão a minha fome.

José Régio, in 'As Encruzilhadas de Deus'