sábado, 1 de agosto de 2009

Poesia Lusitana


Esta semana deixo um poema de Eugénio de Andrade, um dos poetas mais lido e mais traduzidos da lingua portuguesa.
Um mestre das palavras, um verdadeiro embaixador da nossa cultura.

As palavras que te envio são interditas

As palavras que te envio são interditas
até, meu amor, pelo halo das searas;
se alguma regressasse, nem já reconhecia
o teu nome nas suas curvas claras.

Dói-me esta água, este ar que se respira,
dói-me esta solidão de pedra escura,
estas mãos nocturnas onde aperto
os meus dias quebrados na cintura.

E a noite cresce apaixonadamente.
Nas suas margens nuas, desoladas,
cada homem tem apenas para dar
um horizonte de cidades bombardeadas.

Eugénio de Andrade

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